Entre os Muros da Escola

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Bégaudeau e seus alunos, no papel de si mesmos: a única solução é tentar

Sinopse

Um professor tenta estimular seus alunos em sala de aula, mas enfrenta problemas com a falta de educação e o descaso deles em aprender algo.

Ficha Técnica: Título Original: Entre les Murs.
Origem:
França, 2008.
Direção:
Laurent Cantet.
Roteiro:
Laurent Cantet, François Bégaudeau e Robin Campillo, baseado em livro de François Bégaudeau.
Produção:
Caroline Benjo, Carole Scotta, Barbara Letellier e Simon Arnal.
Fotografia:
Pierre Milon, Catherine Pujol e Georgi Lazarevski.
Edição:
Robin Campillo e Stéphanie Léger.
Elenco:
François Bégaudeau, Nassim Amrabt, Laura Baquela, Cherif Bounaïdja Rachedi, Juliette Demaille, Dalla Doucoure, Arthur Fogel e Damien Gomes.

Site Oficial: http://www.entrelesmurs.ca/

Premiações:

Festival de Cannes - Palma de Ouro.

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Saiba mais: François Bégaudeau, protagonista de Entre os Muros da Escola, é também o autor do livro o qual o filme foi baseado.

Crítica

A visão que temos da educação nos países de primeiro mundo é a mais idealizada possível. Acesso gratuito e ensino de qualidade, professores bem remunerados e preparados para lecionar e alunos felizes e interessados em aprender. Afinal o que poderia lhes faltar em termos de qualidade de vida, não é mesmo?

Tudo bem, seu ponto de vista pode não ser tão otimista, mas com certeza, você pode imaginar que a realidade brasileira é muito distante da européia e que temos muito ainda que fazer para podermos nos comparar a países como Alemanha, Itália ou França.

Bem, temos muito que fazer, isso não resta dúvidas. Mas ao assistir a produção Entre os Muros da Escola, temos a plena consciência que os problemas educacionais podem ir muito além das queixas de dificuldade de acesso ao ensino, falta de opções ou qualificações.

Como você reagiria diante de alunos, com diversos problemas pessoais e familiares (e quem não os têm), completamente desinteressados em aprender as conjugações do pretérito imperfeito ou o teorema de Pitágoras? Com você reagiria diante de manifestações claras de indisciplina e agressividade, déficits de atenção, hiperatividade? A melhor solução seria ensinar esses alunos a pensar por si próprios, ou apenas premiar quando acertam a tabuada e punir quando faltam com o respeito? Difícil dizer.

Até mesmo entre os professores não há consenso entre as metodologias de ensino, metodologias de valorização do estudante ou práticas de advertência e punições. Nem sempre o objetivo maior – formar cidadãos e ensinar os alunos a pensarem por si próprios – é levado em consideração. Falta de informação ou mera divergência de opiniões? Um pouco de cada.

Vale uma menção: há uma cena formidável no final do filme, quando o professor Marin, no último dia de aula, pergunta aos seus alunos o que aprenderam durante o ano. A resposta de uma das alunas chama atenção. Quando perguntada se gostava dos livros que lia no colégio respondeu que achava todos inúteis, que preferia escolher por conta própria. Então o professor pergunta: e qual livro que você leu e gostou? “A República de Platão”, responde a aluna. A resposta não poderia ser mais surpreendente. Sinal que nem tudo está perdido.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, Entre os Muros da Escola se mostra uma contundente “aula” de reflexão sobre as práticas pedagógicas e as diferentes maneiras de se lidar com o problema. Filme obrigatório para professores e educadores e que, não tenho dúvidas, quando sair em DVD deve virar tema de estudo em sala de aula. Imperdível.





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